Ontem, o candidato a governador
Paulo Skaf do PMDB, esteve em Caraguatatuba, em campanha eleitoral e tentou
fazer uma visita à Santa Casa local, mas foi impedido de entrar no hospital.
Quem olha com olhar superficial
nota que se trata apenas de uma ocorrência normal de campanha eleitoral.
Entretanto, quem olha de forma menos perfunctória avista ao fundo um quadro de
conteúdo importantíssimo.
Seria normal um candidato preocupar-se
com a saúde de seus eleitores, mas não seria normal um candidato fazer política
eleitoral com o sofrimento alheio. Sabe-se que em todo o Brasil há
insatisfações no atendimento hospitalar, e qualquer paciente insatisfeito
poderia ser um prato cheio para algum candidato que desejasse comover o eleitor.
Teria agido bem a direção do
hospital, ao impedir a entrada, ou teria agido melhor se deixasse transparecer
as suas deficiências?
Uma grande incógnita se dilui
neste exercício de raciocínio especulativo.
As pessoas que precisaram de atendimento
na saúde pública em Caraguá nos últimos meses, sabem que o sistema foi
tumultuado pela ingerência da prefeitura que através de um decreto de
calamidade pública sem pé e nem cabeça, promoveu a intervenção e ocupou a propriedade
privada da irmandade religiosa, que bem ou mal vinha funcionando há mais de
sessenta anos. Transferiu o pronto atendimento e o pronto socorro para uma UPA
improvisada, causou desespero e terror durante cerca de um ano e meio, e
teimosamente ainda publicou no fim do ano passado, um decreto de utilidade
pública para fins de desapropriação do hospital que já estava às margens de um
colapso.
Após algumas reclamações de
usuários, e dada a impossibilidade de prosseguir agindo em regime de exceção, em
função da falsa calamidade, o prefeito resolveu devolver o hospital às Irmãs,
que por sua vez também sofriam reclamações, mas em escala bem menor do que o
caos provocado pelos interventores da prefeitura, e assim acalmaram-se as
inseguranças do sistema.
O prefeito Antônio Carlos, o
mesmo que agora quer eleger seu filho do mesmo nome a deputado estadual, se deu
mal nessa aventura juvenil de “invadir” o hospital, e causou danos imensuráveis
aos usuários do sistema de saúde, ao fazer política com a saúde alheia. A
pergunta que se pode fazer agora é: Seria justo o Skaf fazer política com um
assunto tão sério, dentro de uma crise que ainda não se resolveu?
Ou então, poderíamos perguntar: Agiu
bem a direção do hospital ao impedir o ingresso do candidato?
Pois é. A gente fica pensando o
quanto esse povo é incauto quando se trata de fazer política pelo voto popular.
Eles brincam com qualquer coisa em busca do convencimento do eleitor e não se
preocupam com os males que possam causar.
O Skaf, está bem assessorado em
matéria de “marqueteiro” e deve estar pagando uma nota para o seu diretor de marketing
que deve estar orientando essas visitas mal planejadas e de risco, mas de
efeito pirotécnico.
O prefeito de Caraguá brincou com
a saúde e está pagando com enorme desprestígio político, o preço de sua
inconsequência. Do seu lado, o Skaf acabou perdendo ao invés de ganhar
vantagens com sua aparente audácia claramente mal ensaiada.
Eu estou em campanha para
deputado e o meu partido tem como indicação, não obrigatória, a candidatura do
Skaf, e de certo modo, eu deveria estar no hospital e no AME para acompanhar o
candidato. Entretanto, na qualidade de político bem informado, eu não fui lá
porque já sabia que haveria dificuldades.
Eu participei ativamente da crise
do Hospital Stela Maris, frequentei reuniões dos médicos antes da maldita
intervenção do prefeito, fui aos deputados estaduais pedir ajuda para impedir a
briga entre prefeito e irmandade, pedi ajuda por escrito ao Ministério Público
para impedir que prosseguissem comprando sem licitação em nome do hospital, de
forma ilegal. Eu que acompanhei o desespero das pessoas que precisavam de internação,
não usei desse argumento para ganhar votos, porque acho que o assunto merece
respeito.
Critico a intervenção do
prefeito, do mesmo modo que critico a intenção do Skaf de aproveitar o
sofrimento do povo como forma de sensibilizar eleitores. Acho correta a atitude
dos dirigentes do hospital em não permitirem que o Skaf fizesse uso político do
hospital, mas ficarei muito mais indignado se permitirem que outros candidatos
usem o mesmo motivo em busca de votos.
Caraguá precisa de ajuda na saúde
que é um caos, e não precisa de exposição e suas fraquezas. O Skaf também
errou.
João Lúcio Teixeira – 90190-
Deputado Estadual- PROS
Nenhum comentário:
Postar um comentário