Ontem a Rede Record de Televisão, apresentou um debate entre
a candidata Dilma do PT e o candidato Aécio Neves do PSDB, que disputam o
segundo turno da eleição para presidente da república do Brasil. O cargo que
ambos disputam é o mais alto do país e envolve o gerenciamento do destino de
mais de 200 milhões de pessoas, os brasileiros que aguardam ansiosamente por um
futuro seguro para si e para os seus descendentes.
Os candidatos debateram, como sempre vêm fazendo, de modo que um busca desmerecer as virtudes do outro, como se os defeitos do adversário pudessem ser
transformados em virtudes suas. A Dilma parece ter aceito a tática desagradável
do Aécio, e a desconstrução dos adversários virou tema principal nos debates. O
cenário mostra um certo desrespeito ao eleitor que terá que escolher entre o
ruim e o pior, já que essa é a lógica que predomina na disputa. Quando o Aécio
fala em corrupção do PT a Dilma lembra dos desvios dos governos tucanos fazendo
com que o eleitor tenha que escolher o menos corrupto. Quando a Dilma fala
em saúde ao invés de mostrar com números e dados as conquistas do seu governo,
prefere mostrar os desvios de verbas da saúde no governo do Aécio em Mina Gerais.
O Aécio critica a deterioração da Petrobrás e a Dilma fala na
intenção dos tucanos em privatizar a empresa quando eles governavam.
O ideal seria que cada candidato mostrasse aos eleitores as qualidades
de suas possíveis equipes de governo, os projetos sobre educação, não somente
com promessas vazias de melhorar o ensino, ou de aumentar os períodos de
permanência das crianças na escola. Ficar por mais tempo dentro da escola não
significa que o resultado possa ser melhor no que diz respeito ao aprendizado.
Permanecer mais tempo em um sistema que não consegue ensinar, pode significar
chover no molhado e aumentar despesas sem resultado prático.
Todos sabem que o problema da educação é muito mais profundo
do que apenas criar período integral. O sistema precisa ser revisto na sua
concepção e redirecionado rumo à eficiência da sua gestão como um todo.
Professor tem que ensinar e o aluno tem que aprender.
Sobre segurança citam números que nem são verdadeiros porque
são manipulados segundo o interesse de cada candidato. Ofensas e recordações
dos fracassos e sucessos passados, não mostram o caminho do futuro, mas parece que os
dois candidatos não se prepararam para convencer o eleitor pelas suas virtudes.
No fundo, eles estão cravando na testa do eleitor brasileiro
um carimbo de idiota, que vai acabar votando na proposta mais agressiva
como se política fosse guerra de torcidas.
Nas ruas o que se ouve é gente comentando eleição como se
falasse sobre clubes de futebol, uns achando que hora de mudar tudo e outros
achando que mudar é arriscado, mas não se explicam as razões dessas opiniões.
A eleição de presidente da república está sendo tratada que
nem aqueles programas de televisão de disputas entre homens e mulheres,
dos bem idiotas que a cada resposta dizem: “pontos para os homens” ou
então “ponto para as mulheres”. Uma
pobreza absoluta que não leva ninguém a lugar nenhum. Vamos decidir pelo mais agressivo
ou pelo mais incisivo, e certamente continuaremos a assistir ao espetáculo da
falta de clareza das tendências de cada candidato, que sequer fala dos seus
partidos. A Dilma não faz referência ao PT, mas a si mesma quando diz: "no meu governo" e, o Aécio se diz candidato de uma
aliança para salvar o Brasil, e nega a se referir ao PSDB. Isso é importante
porque o PT é o partido de origem trabalhadora e o PSDB tem suas vocações para
o empresariado e a moeda. O Lula falava mais da
pobreza e das diferenças sociais, do que a Dilma tem falado, talvez com
medo de perder votos da elite. O Aécio quer conquistar votos dos trabalhadores
e por isso ignora o seu partido o PSDB. O Lula tem aparecido na campanha do PT,
mas o FHC não comparece na campanha do PSDB. Ou seja, a disputa agora é de uma
pessoa contra outra pessoa sem nada de conteúdo ideológico ou partidário. É a
Dilma contra o Aécio, que são mortais e podem nem tomar posse como aconteceu com
o Tancredo. Personalizaram a disputa para esconderem as vocações de seus grupos
de apoios e de interesses. O certo seria mostrarem as diferenças entre um governo
social vocacionado às pessoas, e um governo material que cuida mais da economia
e do empresariado.
Economia é ciência, e bem poderia cada candidato apresentar números
e dados sobre as suas ações no plano econômico, e quem deveria apresentar os
números seria os economistas que vão operar o sistema. Assim deveria ser nos
debates sobre educação, com especialistas em educação de um lado e do outro
mostrando soluções técnicas para o grave problema da falta de aprendizado. Na
saúde, não basta dizer que vai melhorar a saúde, mas deveriam os candidatos se
fazerem acompanhar de especialistas em saúde que demonstrassem de que modo vão
melhorar e em quais pontos serão atacadas as deficiências da saúde. Candidato
não entende de tudo e por isso não pode pretender dominar sozinho todas a
situações dos debates. Isso prejudica o melhor discernimento do eleitor.
Fica claro que debates em que somente os candidatos falam um
amontoado de coisas sem profundidade alguma e sobre todos os assuntos, não são
suficientes para esclarecer o eleitor que melhor entenderia a exibição de
dados e projetos detalhados sobre cada tema.
Durante a copa do mundo, a televisão ficou tempo integral
falando de futebol, como se futebol fosse mais importante do que a escolha do
presidente da república, e hoje dedica alguns minutos por dia ao assunto
eleições. A escolha de presidente deveria ser muito mais esmiuçada nos meios de
comunicação, porque dez minutos para cada um, e de vez em quando, não é tempo
suficiente para que as pessoas possam conhecer os projetos dos candidatos.
Verdade que o assunto não é agradável aos ouvidos da maioria das pessoas, mas a
importância do assunto merece maior oportunidade para que os eleitores conheçam,
não somente o nível de agressividade dos candidatos, mas as suas equipes de
governo e os métodos de solução a que se propõem.
Do jeito que está sendo conduzido o uso da televisão e do
rádio, a Dilma está chata e repetitiva e o Aécio enjoado, sem que o eleitor
tenha tido a oportunidade de concluir com segurança sobre a melhor opção.
A escolha vai ocorrer pela audácia, pela simpatia pessoal ou
antipatia, pela capacidade de se apresentar melhor na mídia, enfim por fatores
que não garantem ao eleitor uma certa segurança na sua escolha do melhor programa
de governo.
João Lúcio Teixeira
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