Antigamente, quando alguém se
referia ao verbo mamar estava falando unicamente de algum bebê faminto socorrido
pelas tetas da mamãe que jorrava alimento saudável. Mamar era literalmente
nutrir-se da proteção natural contra os males do mundo, já que o leite contém
além dos nutrientes naturais, as defesas imunológicas de que necessitam os
filhos recém-nascidos. Amamentar era e sempre será ato da mais pura nobreza.
Com o passar dos tempos, os
homens descobrem novas utilidades para as tetas femininas, que passam a exercer
papel importante no poder de sedução da mulher e vão estimular as fantasias
sexuais. Um simples toque, um carinho,
uma discreta “mamadinha”, e pronto, os seios foram descobertos como instrumento
de materialização do erotismo. Até aí, nada de tão grave porque os seios que
amamentavam os filhos, agora serviam para turbinar os casamentos e dar um “grau”
à relação, o que não deixa de ser também nobre.
Mais adiante o pior aconteceu,
quando os corruptos passam a denominar de tetas os cofres públicos e chamam de “mamar”
os assaltos praticados pelos malandros que frequentam o poder e passam a
intitular de “mamar nas tetas” os atos de desvios de recursos públicos ou a ocupação
de cargos públicos por incompetentes amigos e parentes de políticos safados e
desonestos.
Uma verdadeira profanação a uma
prática tão sublime a da mãe que inocentemente alimenta um filho, ato que em
nada se assemelha às roubalheiras dos políticos, mas apenas a alimentação de um
filho da mãe e não de um filho da outra como disse o Chico Buarque na música
Cálice. Quem assalta os cofres públicos, não pode ser considerado um filho da
mãe, mas um filho da outra que não pensa no mal que causa a tantas pessoas que
sofrem com a má qualidade dos serviços públicos. Se você que acaba de ler já
recebeu alguma forma de benefício do tipo propina, você pode se considerar um
filho da outra.
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